Obra : O sertanejo
Autor: José de Alencar
Escola Literária : Romantismo
Classificação: romance regionalista
Tempo: cronológico, linear
Espaço: Quixeramobim
Foco narrativo: 3 ª pessoa – heterodiegético
Protagonista: Arnaldo
Resumo
Nos primeiros capítulos da obra “O sertanejo”, o narrador , em terceira pessoa, nos apresenta a paisagem local, em seguida , aparece o herói da trama, o jovem Arnaldo, rapaz de “vinte e um anos, rosto queimado pelo sol , um buço negro como os compridos cabelos que anelavam-se pelo pescoço” ( p.12).Como um cavaleiro dos tempos medievais, ele é um homem forte de corpo e alma, temente a Deus e a seu patrão, o Capitão mor Gonçalo Pires Campelo, e adora sua meia irmã, Flor, companheira de folguedos, como um anjo ou como a própria virgem Maria.
A narrativa inicia em 1764, em Quixeramobim, Ceará, com a descrição de um comboio do capitão mor e sua mulher D. Genoveva, retornando à fazenda “ Oiticica”, depois de uma temporada em Recife, onde conheceram Marcos Fragoso, jovem que ficou interessado em Flor.
Flor estava um pouco afastada do grupo no retorno à fazenda, observa que um incêndio alastra-se pela floresta, fica apavorada e desmaia. Neste momento, aparece Arnaldo que a socorre.Chegando em casa, já acordada do susto, ela não sabe explicar quem a salvou .O capitão Gonçalo manda seus empregados descobrirem quem foi o culpado pelo incêncio. A culpa cai sobre Jó, um velho solitário, que vivia numa cabana próximo à fazenda. O fogo começou perto da moradia dele, mas Arnaldo, sabendo quem foi o verdadeiro culpado, esconde o velho numa caverna para que o capitão não o encontre.Vai atrás de Aleixo Vargas, conhecido como Moirão, para prestar contas do ocorrido. Aleixo explica ao sertanejo os motivos que o fizeram tomar esta atitude, diz que Gonçalo o humilhou e como forma de vingar-se dele resolveu ocasionar o incêndio. Aleixo é proibido de pôr os pés na fazenda, caso desobedecesse, pagaria com a própria vida, alertou o sertanejo.
Flor vai até a casa de Justa, mãe de Arnaldo, e entrega-lhe um rosário de presente. Durante a conversa delas , o leitor percebe o mistério que envolve Arnaldo. No mesmo dia que ele nasceu, aparece um relicário vermelho em seu pescoço e Justa não sabe quem o colocou.Daí passa a acreditar que o filho está protegido de todos os perigos. Realmente o sertanejo não teme nada , nem a ninguém , pois enfrenta todos os perigos, inclusive um tigre que aparece na fazenda causando medo em todos, menos nele, que puxou a fera pela orelha.Entretanto, Arnaldo tem um comportamento indomável,pois não obedece a seu patrão.Numa conversa entre eles, declara que não está nos seus planos o casamento, sua vontade é estar sempre ao serviço de Gonçalo e sua família , o capitão não esconde sua irritação, pois havia adotado Alina para ser a futura esposa de Arnaldo.
Aparece um futuro pretendente para Flor. Trata-se de Marcos Fragoso, moço que veio de Recife e mora na fazenda vizinha. De passagem com seus empregados pela Oiticica, Marcos inclina-se cortejando Flor com o chapéu.Arnaldo observa tudo e quando a cavalgada vai embora, sente uma profunda tristeza como nunca sentira, pois começa a ver a presença de um suposto rival. O desejo do sertanejo de ter Flor somente para ele começa a desabar e declara firmemente: “Flor não pertencerá a nenhum homem na terra .Ainda que seja à custa da minha salvação eterna. (p.84) .Triste, desabafa com o velho Jó o motivo da tristeza: - Quiseram roubar-me o que mais amo neste mundo.(p.86) . Fazendo referência a uma mulher, no caso, Flor.
Desaparece da fazenda a Bonina, a novilha preferida de Flor, Arnaldo traz o animal de volta e a moça agradecida dá uma bolsa para ele, contudo, ele dá pouca importância ao presente e atira ao fogo , depois fala de forma ríspida: - Pague aos seus criados! (p.106).Ela vai embora dizendo que ele não merecia o presente.
Segunda parte
Marcos Fragoso procurando cada vez mais aproximar-se de sua pretendida, convida Gonçalo para uma montaria. Na conversa com o primo , Fragoso confessa que não será fácil o capitão conceder a mão de Flor, visto que é um homem arrogante e autoritário.Dourado, um boi famoso nos arredores pela dificuldade de domá-lo, é o centro da conversa entre os vaqueiros,pois nem o mais famoso campeador Louredo, pai de Arnaldo, conseguiu esta proeza. A fim de se exibir para os convidados Marcos Fragoso, muito orgulhoso, diz que pegará o boi para oferecê-lo no almoço, no entanto, o único que consegue esta façanha é Arnaldo.Quando esteve de cara com Dourado, resolveu não matá-lo, mas o marcou com ferro que pertencia a Flor, para que ficasse registrado seu ato heróico.
Marcos combina com seu empregado, Luís Onofre,um plano para seqüestrar Flor, caso o capitão não conceda a mão dela Ao realizar o desejado pedido, o capitão responde: - O capitão –mor só tem uma palavra. Disse não, é não.
E Marcos retribui : - Pois saiba Vossa Senhoria que eu , Marcos Fragoso, também só tenho uma vontade e irrevogável. Jurei que sua filha seria minha mulher e com o favor de Deus , ela há de sê-lo. ( p.151)
Arnaldo sabendo dos planos de Fragoso, pede ajuda ao velho Jó para livrar Flor da armadilha. Chegando ao local onde Onofre e sua comitiva estavam, espera o momento de entrar em ação.Os encontra adormecidos, pois Jô pôs uma mistura de ervas na bebida deles.Ele os amarra para impedir que escapem e assim o plano de Fragoso não teve sucesso.
No capítulo X, ainda da segunda parte, há o recurso da flashback,ou seja, a volta ao passado para que o leitor saiba como foi a convivência durante a infância e adolescência de Arnaldo e Flor.Criados como irmãos, junto com mais dois jovens : Jaime, sobrinho do capitão e Alina, moça pobre e órfã.Quando relembra esta fase da sua vida ao lado de Arnaldo, Flor interroga-se acerca dos seus sentimentos, pois ela, filha do capitão não podia se envolver com um agregado da fazenda: “ Arnaldo a seguira com os olhos cheios d’alma. A donzela ao voltar-se o avistara, mas desviou dele a vista, sem a menor perturbação ou sobressalto, com uma indiferença plácida e fria, que transpassou o coração do sertanejo. (p.184)
O capitão prevendo as possíveis ações de Marcos Fragoso para ficar com Flor, arranja um noivo para ela. O escolhido foi Leandro Barbalho, sobrinho do capitão. Flor concorda com a decisão paterna O capitão escreve uma carta ao sobrinho pedindo que ele compareça o mais rápido possível à fazenda.
Chegaram à Oiticica, dois viajantes, uma dama a cavalo, acompanhada de um velho a pé. Os dois se apresentam ao capitão- mor e pedem hospedagem. A mulher chamava-se Águeda, disse que era viúva e seu marido fora assassinado por defender o capitão das maledicências.Depois de ser acolhida na casa de Campelo, Águeda se insinua para Arnaldo, percebe também o interesse dele pela filha do patrão. Convida-o para ir ao seus aposentos, quando ele entra , não perde tempo e tenta conseguir um beijo dele.Tomado de terror, ele a repele e sai do quarto.Na verdade os planos de Águeda são outros, seu verdadeiro nome é Rosinha. Veio a serviço de Marcos Fragoso para seqüestrar Flor. Graças a vigilância atenta de Arnaldo, o plano falhou.
Marcos Fragoso, numa última tentativa “amigável” , envia uma carta ao capitão , mantendo o mesmo pedido de casamento, a resposta permaneceu negativa.Furioso com a situação, Marcos pretende invadir a fazenda Oiticica e levar a moça de qualquer jeito. Já havia chegado Leandro Barbalho, que veio para conhecer a noiva e fazer a vontade do tio. Arnaldo não simpatiza com ele , mas sabe que Barbalho não ama Flor . Ele , Jó e alguns índios se preparam para defender o capitão e sua família. Padre Teles dá início a cerimônia. Marcos ataca com seus homens, mas não contava que o capitão tivesse a ajuda dos índios. Leandro é atingido por uma flecha, que possivelmente foi lançada por Jó, a pedido de Arnaldo.O combate aumenta, mas Marcos, vendo que não ia conseguir o que pretendia, sai em retirada.
O capitão satisfeito com a harmonia restaurada na sua casa.Dá ao sertanejo o direito de usar seu sobrenome e ainda acrescenta que concederá qualquer pedido que o vaqueiro quiser.O leitor, é claro, pensa que ele pedirá a mão da mulher que ama em casamento, no entanto, ele pede a mão de Alina para Agrela, capataz da fazenda que ajudou na luta contra o Fragoso.
Depois disso, Flor fica muito triste pois passa a acreditar que Deus não quer que ela case com ninguém. Já Arnaldo fica contente porque continuará sendo seu herói e eterno admirador.
Na conclusão o narrador deixa o leitor com muitos questionamentos, entre eles qual o fim de Leandro Barbalho, já que não encontraram o corpo dele? E o que realmente Flor sente por Arnaldo? O velho Jó e o mistério acerca do seu passado , como assim vemos no desfecho: “ E aqui termina a história a que dei o título O sertanejo. O mistério que envolve o passado de Jô só depois veio a revelar-se e como esses acontecimentos, prendem-se intimamente a vida de Arnaldo, guardo-me para referi-los mais tarde, quando escrever o fim do destemido sertanejo, cujas proezas foram por muitos anos, naqueles gerais, o entretenimento dos vaqueiros nos longos serões passados ao relento, durante as noites de inverno”. (p.232)